quarta-feira, 27 de julho de 2011

Oração

Pai nosso que estais no céu, obrigado por não me fazer de cimento, por não ter a dureza de uma rocha, por não ficar estático como um poste em uma rua pouco movimentada. Não é fácil admitir minha fragilidade. Ter a certeza de que a carne é facilmente destruída traz medo, mas mesmo assim isso não faz com que eu sinta inveja das paredes.
Destes a mim e aos meus semelhantes o poder de sentir, o mais belo de todos. Com ele compreendo a dor de uma exclusão, o lindo aprendizado da derrota, e o gosto amargo de algumas vitorias. Tenho certeza da sua existência, quando a sensibilidade não cabe só a minha personalidade, eu posso sentir pelos outros, chorar a dor alheia e vibrar com a vitoria do próximo. Posso distinguir olhos cheios de lagrimas.
Ilumine a todos que assim como eu compreende sua pequenez nos caminhos da vida, e que a batalha que enfrentamos, o verdadeiro leão que temos que matar esta dentro de nós mesmos. Amém.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Folhetim

É péssimo acordar, quando se é necessário dormir para outra vida. Quando fui deitar não quis ceder ao sono, pois sabia que quando acordasse essa sensação que já nem é tão impar iria me tomar.
Me desculpe, depois de todas as promessas que eu te fiz ( pela décima quinta vez) vi que não as posso cumprir, e quando eu for tentar te convencer das minhas boas intenções pela décima sexta, não acredite, pois acredite, eu vou tentar.
Eu acordei no meio da noite, te vi linda e frágil como sempre, alias, sua fragilidade me comove, você nos meus braços torna de fato esse moleque em homem, desculpe por estar te fazendo endurecer. O único fato que me consola de ter ido embora, e que eu não terei de ver aqueles olhos brilhantes de ontem à noite se tornarem opacos ao sentir minha ausência.
Alias, não me desculpe, me odeie, ou pior, seja indiferente, nada mais doido que a indiferença. Eu não faço por maldade, meus instintos gritam para ir atrás de você, e quando estou com você eles imploram para eu fugir. Eu sou assim, acredito na liberdade e na falta de amor.
Só para que não consiga ainda gostar de mim, te informo que não és a primeira que recebe essa mesma carta, talvez seja a copia 32 ou 33. Faço isso só para desencargo de consciência.
Bom dia, eu te amo!